4 de dezembro de 2012

Entenda o conflito entre Israel e Palestinos e sua importância para os cristãos do ponto de vista teológico


A atual crise na Faixa de Gaza, entre o grupo Hamas e o governo de Israel está sob uma trégua, acertada em acordo feito por ambas as partes na noite de quarta-feira, 21/11. O acordo, mediado pelo governo dos Estados Unidos, encerrou uma sequência de oito dias de ataques de ambos os lados.
O recente conflito se iniciou após uma ação do exército israelense próximo aos territórios palestinos na região, e despertou especulações por parte de lideranças evangélicas e teólogos a respeito de um significado maior em termos de profecias bíblicas.
A Redação do Gospel+ entrou em contato com o teólogo Alexandre Milhoranza para expor as nuances teológicas do conflito e esclarecer pontos importantes para a compreensão do assunto.
Segundo Milhoranza, “o conflito árabe-israelense reacende a antiga visão de Israel, como povo escolhido de Deus, na consumação final do Reino de Deus na terra. Esta é uma visão herdada equivocadamente do Antigo Testamento”, introduz o teólogo, que explica seu conceito: “Digo equivocadamente pois no Antigo Testamento não há o conceito do estabelecimento do Reino de Deus, pois este está sempre presente (Sl. 103:19; Sl. 145:11-13). No Antigo Testamento, Deus é o soberano da criação com domínio irrestrito sobre tudo e sobre todos, de acordo com a visão hebraica”.
Com o Novo Testamento, inicia-se uma nova fase, que embora não seja alvo de muitas discordâncias na análise teológica, representa aspectos importantes para a compreensão a partir do ponto de vista bíblico: “No Novo Testamento vemos João Batista anunciando a vinda iminente do Reino de Deus. Este inclusive foi o tema central da pregação de Jesus, que o anunciava como uma realidade presente e manifestada em sua própria pessoa e nos milagres realizados por ele. Estes podem ser considerados aspectos já presentes na realidade do Reino de Deus e, até aqui, não há tantas controvérsias sobre este assunto. Este é o chamado “já” na teologia sobre o Reino de Deus”, explica Alexandre Milhoranza.
As controvérsias surgem com a interpretação apenas em sentido literal das profecias: “O problema surge quando consideramos os aspectos futuros do estabelecimento do Reino de Deus, o famoso “ainda não”. Neste ponto muitos se dividem entre associar, ou não, a Igreja com Israel e suas promessas. O grande problema de algumas linhas teológicas é interpretar as profecias, especialmente as de Apocalipse, num sentido estritamente literal. Neste ponto há uma distinção radical entre Israel e a Igreja, forçando o cumprimento literal de todas as profecias do Antigo Testamento sobre Israel”, diz o teólogo, dando dimensão da complexidade do assunto.
Para Milhoranza, essa linha de pensamento é falha e mantém seus adeptos reféns de cálculos que geram especulações sobre os sinais dos tempos e consequentemente, a respeito da volta de Cristo: “É aqui, que esta linha de interpretação ao meu ver falha, pois nem os apóstolos interpretaram as profecias do Antigo Testamento literalmente. Os teólogos que são adeptos dessa teoria ficam escravos dos cálculos históricos e qualquer acontecimento político no Oriente Médio torna-se motivo para mais especulações escatológicas. Não creio que deva ser este a razão de ser da Igreja, mas fazer como o próprio Jesus afirmou: ‘O reino de Deus é chegado a vós’”.
Por Tiago Chagas, para o Gospel+
REFEXAO PESSOAL: Permitam meus amigos que a Bíblia resolva este problema, simples e de forma transparente.
1-      Lembre-se, quando Jesus veio a primeira vez, o seu próprio povo não compreendeu corretamente as profecias sobre o Seu reino. Eles esperavam ansiosamente que ele fosse estabelecer literalmente um reino terreno. Jesus tentou explicar que a sua primeira vinda era para estabelecer um reino espiritual. Ele disse: “…Não vem o reino de Deus com visível aparência. Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Lá está! Porque o reino de Deus está dentro de vós”. (Lucas 17:20-21.)
2-      Eles tentaram tornar as profecias espirituais literais, e as suas expectativas foram esmagadas pela cruz. Eles lamentaram: “nós esperávamos que fosse ele quem havia de redimir a Israel”. (Lucas 24:21). Mesmo depois da sua ressurreição, os discípulos ainda estavam agarrados a estes pontos de vista populares e na esperança de um reino iminente e literal. “Então os que estavam reunidos lhe perguntaram: “Senhor, é neste tempo que vais restaurar o reino a Israel?” (Atos 1:6 NVI).
3-      Cerca de 800 aC, o Senhor falou através do profeta Oseias, dizendo: “Quando Israel era menino, eu o amei; e do Egito chamei o meu filho”. (Oseias 11:1). No entanto, por esta altura a nação de Israel não conseguiu viver o significado espiritual de seu próprio nome. Este versículo em Oseias eclode com enorme importância em apenas um momento, quando olhamos para o Novo Testamento.
4-      Mateus escreve que o menino Jesus permaneceu no Egito “até à morte de Herodes, para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor pelo profeta: Do Egipto chamei o meu filho” (Versículo 15). Note que Mateus está a citar Oseias 11:1, que originalmente se refere à nação de Israel saindo do Egito, mas agora ele declara a profecia “cumprida” em Jesus Cristo! Aqui Mateus está a revelar um princípio verdadeiramente chocante que ele desenvolve em todo o Evangelho.
5-      O apóstolo Paulo também seguiu o princípio da aplicação das declarações originalmente feitas sobre a nação de Israel a Jesus Cristo. Deus chamou Israel de “o meu primogénito” em Êxodo 4:22. No entanto, Paulo disse que era Jesus Cristo, “o primogénito de toda criatura”. (Colossenses 1:15).
6-      O exemplo mais claro de todos eles é onde Deus chamou Israel de “semente de Abraão”. Isaías 41:8. No entanto, Paulo escreveu mais tarde que a semente de Abraão não se referia a “muitos”, mas sim a “um … que é Cristo”. (Gálatas 3:16). Assim descobrimos que repetidamente no Novo Testamento, declarações que originalmente eram aplicadas à nação de Israel são aplicadas a Jesus Cristo. O Messias é agora “a semente”. Portanto, Jesus é a própria essência de Israel! Esta é uma verdade explosiva!
7-      Por exemplo, o Senhor havia dito aos antigos israelitas: “E vós sereis para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa.” (Êxodo 19:6). No Novo Testamento, Pedro aplica estas palavras exatas para a igreja: “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, um povo peculiar”. (1 Pedro 2:9).
8-      De acordo com o Novo Testamento, há agora duas nações (etnos). Um grupo é composto de israelitas literais (Israel histórico) “segundo a carne” (Romanos 9:3-4). O outro é o (Israel espiritual), composto de judeus e gentios que crêem em Jesus Cristo.
9-      Paulo escreveu: “nem todos os de Israel são, de fato, israelitas” (Romanos 9:6). Ou seja, nem todos são parte do Israel espiritual de Deus que é a nação literal de Israel. Paulo continuou, “não são os filhos naturais [descendentes físicos de Abraão], que são filhos de Deus, mas os filhos da promessa é que são considerados descendência de Abraão.” (Romanos 9:8).
10-  Nunca se esqueça de que “… nem todos os que são de Israel são israelitas” (Romanos 9:6). “Porque a circuncisão somos nós, que servimos a Deus em espírito, e nos gloriamos em Cristo Jesus, e não confiamos na carne.” (Filipenses 3:3).
José Carlos Costa, pastor

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