23 de novembro de 2010

Seguranças de Kennedy quebram silêncio sobre assassínio

"Oh, Jack, o que te fizeram eles?", gritou Jacqueline
enquanto  o marido morria.
por LUMENA RAPOSO

"Oh, Jack, o que te fizeram eles?", gritou Jacqueline Kennedy quando o marido, a morrer, deixou cair a cabeça no seu colo. A revelação foi só agora feita por um dos agentes dos serviços secretos que os acompanhava.
Após 47 anos de silêncio absoluto, ou quase, dois dos seguranças que estavam com John F. Kennedy no dia do seu assassínio em Dallas, a 22 de Novembro de 1963, começaram a contar a sua versão dos factos. Precisamente no dia do aniversário da trágica morte do 35º presidente dos EUA.
"Não pudemos ajudar, sentimo-nos como se tivéssemos falhado. Foi um sentimento terrível", disse à CNN Jerry Blaine, um dos guarda-costas de Kennedy.
Blaine, além das declarações à cadeia de televisão americana, publicou recentemente o livro The Kennedy Detail, escrito com a jornalista Lisa McCubbin. O autor do prefácio foi outro segurança de Kennedy que até agora sempre fizera questão de manter o silêncio sobre o ocorrido: Clint Hill.
Após o primeiro tiro ter atingido o presidente, Hill conta que o viu "agarrar a garganta e inclinar-se para o lado esquerdo. Foi quando saltei e comecei a correr". Hill é precisamente o homem que se vê a correr atrás do Lincoln descapotável onde o jovem presidente se fazia transportar.
"Precisamente antes de saltar para o carro, o terceiro tiro atingiu-o na cabeça. Era tarde de mais", recorda Hill que, mesmo assim, forçou Jackie a ficar no carro, e tentou ainda proteger o casal com o seu próprio corpo - não fossem outros tiros serem disparados - enquanto o carro se dirigiu em alta velocidade para o hospital.
Clint Hill foi condecorado por bravura, situação que não lhe retirou o sentimento amargo de culpa pela morte do presidente. Como ele conta agora: "Passei anos na cave da minha casa, mergulhado em cigarros e álcool, pensando que poderia ter sido mais rápido, poderia ter sido até o alvo da bala que matou o presidente." Foram necessários anos de terapia para que Hill percebesse que não podia ter evitado a bala que pôs fim à vida do primeiro presidente católico dos EUA.
Poucos saberão que, por pouco, os americanos não perderam em seguida o seu segundo presidente: Lyndon Johnson, vice-presidente, acorreu a Dallas mal foi confirmada a morte de Kennedy. Ao lado de Jacqueline, com o fato manchado de sangue do marido, e junto à urna de Kennedy, Johnson jurou sobre a Bíblia defender a Constituição americana como presidente dos EUA.
Horas após ter prestado juramento, Johnson dirigiu-se à residência que ocupava antes de ser presidente, onde Blaine - sem dormir há 40 horas - estava de guarda. "Eram 2.15; ouvi de repente alguém aproximar-se." Não hesitou: levantou a arma com o dedo no gatilho. E quem viu na sua frente? Lyndon Johnson! "Ele ficou pálido, voltou as costas e entrou em casa. Nunca se falou no assunto."

Sem comentários:

Enviar um comentário